Desafios Crescentes para Idosos com HIV: Cuidados Além Do Medicamento

O Complexo Cenário da Saúde dos Idosos com HIV

Enquanto muitos consideram o HIV uma condição crônica gerenciável, o Dr. Frederico Duarte, durante a Conferência Europeia sobre AIDS (EACS 2023), destaca a complexidade na prática clínica. Ele aponta que, embora o número de pessoas envelhecendo com HIV seja celebrado, a realidade para os idosos com essa condição é um percurso desafiador.

Desafios da Polifarmácia em Pacientes Idosos com HIV

Apesar de representarem apenas 5% dos pacientes em Matosinhos, Portugal, os idosos com mais de 70 anos enfrentam uma jornada médica complexa. Com históricos médicos intricados, tratam o HIV há, em média, 10 anos, enfrentando várias comorbidades e a necessidade de múltiplos medicamentos. A “polifarmácia” se destaca como uma preocupação significativa, com quatro em cada dez idosos tomando diariamente até 18 comprimidos.

Avaliação da Fragilidade: Mais do que HIV e Comorbidades

Uma coorte francesa revela dados impressionantes sobre a população com HIV acima de 70 anos. Enquanto 60% apresentam três ou mais comorbidades, destaca-se a importância de considerar a fragilidade e o comprometimento funcional. A Dra. Fátima Brañas enfatiza a necessidade de os clínicos ampliarem o foco, não apenas nas condições médicas, mas também na qualidade de vida diária dos pacientes.

Superando a Fragilidade: Intervenções Cruciais e Reversibilidade

Embora a definição de fragilidade e sua avaliação possam gerar debates, a Dra. Brañas destaca a importância de não esperar por ferramentas de triagem perfeitas. A fragilidade, ao contrário da incapacidade, é reversível. A atividade física surge como a única intervenção comprovadamente eficaz. A pesquisa mostra que os pacientes podem transitar entre as categorias de fragilidade, destacando a resiliência possível com intervenções adequadas.

Implementando Triagem de Fragilidade em Brighton, Inglaterra

O Professor Jaime Vera compartilha a experiência de introduzir a triagem de fragilidade em Brighton, onde triar todos os maiores de 50 anos era impraticável. Optou-se por triar aqueles com mais de 60 anos, usando a escala FRAIL de cinco itens. Mais de três quartos dessa população foram triados até agora. Quando identificados como pré-frágeis, os pacientes recebem orientações sobre estilo de vida saudável e são encaminhados para serviços não clínicos, evidenciando a abordagem proativa em prol da saúde.

 Rumo a uma Atenção Mais Abrangente aos Idosos com HIV

Enquanto a coorte francesa continua a ser acompanhada para avaliar a evolução da fragilidade, este cenário destaca a necessidade urgente de uma atenção mais ampla aos idosos vivendo com HIV. A gestão adequada das comorbidades, a revisão cuidadosa da polifarmácia e o estímulo à atividade física emergem como passos cruciais para proporcionar uma qualidade de vida melhor a essa população crescente.

Fonte: Aidsmap