Desmitificando Mitos: O Ativo e as ISTs

É hora de esclarecer um equívoco frequente: o conceito de que o papel ativo em uma relação sexual está automaticamente imune às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), incluindo o HIV. A realidade é que ser ativo não garante imunidade e, embora o risco possa ser menor comparado ao parceiro passivo, a ameaça permanece considerável. Vamos jogar luz sobre essa ideia e compartilhar o entendimento correto.

A ideia de que apenas o parceiro passivo está em risco não é precisa. Ser a pessoa que realiza a penetração, seja em um ânus ou em uma vagina, não é um escudo contra o HIV ou outras ISTs. Embora a chance de infecção seja reduzida em cerca de 10 a 12 vezes em relação ao parceiro passivo, esse risco ainda permanece considerável.

Enquanto o parceiro passivo pode enfrentar maiores riscos devido a machucados, sangramentos e fissuras, além da permanência do esperma em suas cavidades, o parceiro ativo também possui fatores de risco que não podem ser negligenciados:

  1. Carga viral do parceiro: Quanto maior a carga viral do parceiro, maior a probabilidade de transmissão.
  2. Presença de úlceras genitais e corrimento: Essas condições podem servir como portas de entrada para o HIV, aumentando o risco de infecção de 3 a 10 vezes.
  3. Não circuncisão: Estudos em países de renda média e baixa revelam que pênis circuncidados (aqueles que passaram por cirurgia de fimose) possuem um epitélio mais espesso, menos esmegma e inflamação reduzida, diminuindo as chances de transmissão do HIV em cerca de 50-60% para o parceiro com pênis. Vale notar que tal redução não se aplica ao sexo anal e também reduz a transmissão de outras ISTs.
  4. Sangramentos e uso de drogas: Relações sexuais mais intensas e traumáticas, que podem causar sangramentos e irritações, também podem aumentar o risco de infecção.

Assim, os cuidados preventivos são essenciais para todos os envolvidos em atividades sexuais. A utilização de preservativos com lubrificação adequada é fundamental. Para aqueles que podem enfrentar desafios na consistência do uso de camisinhas, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é uma opção a ser considerada.

Em resumo, desmitificar essa noção errônea é crucial para promover práticas sexuais seguras. Basear-se em fatos científicos e adotar medidas preventivas é uma atitude de responsabilidade e cuidado consigo mesmo e com os parceiros. A informação é a nossa melhor arma na luta contra as ISTs.

Fonte de apoio: CDC, MMWR 2021